4 de ago. de 2011

Aprovado por vereadores de São Paulo, Dia do Orgulho Hétero vira alvo de críticas



Decisão da Câmara paulistana é um retrocesso na luta contra a homofobia.
O vereador Carlos Apolinário (DEM) ficou próximo de transformar em lei um antigo anseio de seus sucessivos mandatos políticos. A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em sessão extraordinária nesta terça-feira (2) o Projeto de Lei 294, de 2008, que cria o Dia do Orgulho Heterossexual na cidade, a ser celebrado no terceiro domingo de dezembro.

Caberá ao prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM, a caminho do PSD) definir se veta ou sanciona o texto, que sofreu voto contrário dos 11 vereadores da bancada do PT, dos dois da bancada do PCdoB, além de Gilberto Natalini, Claudio Fonseca (PPS), Claudio Prado (PTB), Juscelino Gadelha, Tripoli e Eliseu Gabriel (PSB).

Ítalo Cardoso (PT) afirmou que o projeto aprovado não ajuda em nada a acabar com a discriminação que os homossexuais sofrem. "Esse projeto cria uma categoria diferenciada, e acentua a possibilidade de discriminação e preconceito. Espero que chegue logo o dia em que não precisemos mais de leis para defender o direito dos gays”, disse.

Jamil Murad (PcdoB), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Casa, somou-se às críticas lembrando que houve vários casos recentes de intolerância a homossexuais. Ele lamentou a visão difundida por Apolinário de que a sexualidade se trate de uma opção, e não de orientação pessoal. “Alguém pergunta se um cirurgião que salva uma vida é gay ou se um cozinheiro que faz um prato saboroso num restaurante é gay? Os homossexuais são tão cidadãos quanto os heterossexuais e não há nada que justifique sua perseguição.”

Logo após a aprovação, o tópico “Orgulho Hétero” entrou para a lista dos principais tópicos da rede social Twitter no Brasil. Os comentários, no geral, eram de indignação. “Dá muita #vergonhaalheia esse troço de dia do Orgulho Hétero. Tem hétero que sente orgulho de quando acontece uma daquelas na paulista é?”, perguntou o usuário Rcvsilva, fazendo referência à agressão de homossexuais na Avenida Paulista, um dos principais pontos de São Paulo.

“100% branco, dia do homem, dia do orgulho hetero. a gente vai rindo, e a insanidade avança. mto triste. Estamos a beira do 'orgulho ariano'”, pontuou Liliane Araújo.

Em resposta às críticas, Apolinário disse que não tem nada contra a “figura humana” dos gays. “A criação do Dia do Hétero não simboliza uma luta contra a figura humana dos gays, e sim contra aquilo que considero que são excessos e privilégios.”

Por Rede Brasil Atual.

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